sábado, 25 de setembro de 2010

Phronesis


Algumas vezes na vida nos perdemos entre curvas que não soubemos desviar
Entre cruzamentos que não tivemos tempo de esperar
Ou mesmo entre passarelas que não conseguimos trocar de faixa a tempo...

Da mesma forma, nos perdemos em condutas e pensamentos
Entre quatro paredes e entre sorrisos...

Nos perdemos conscientes e na maioria das vezes com certeza
Certeza de estarmos no lugar errado ou na hora errada

Mas desafiar o óbvio e o monótono traz uma sensação de exaurimento
O nada apesar do tudo

Correr contra é viver intensamente
Mas somente se alcança a sabedoria quando se entende a hora de voltar
E que o caminho trilhado é apenas uma opção...

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O ego de um amante

Sussurra a noite e sussurra meu nome em seu ouvido
Sei que estará pensando em mim mesmo que a lua não apareça
Estarei em teus sonhos, no arrepio da tua pele
Não será tão fácil esquecer do toque quente em tuas costas,
muito menos do beijo que te fez perder o fôlego

Mal cabe a ansiedade no peito para um novo encontro
Encontro planejadamente casual...
Em horários diferentes e locais pouco ortodoxos

Traz o vento o cheiro do perfume daquele primeiro hotel
E nele a lembrança de mais uma fantasia realizada
O primeiro toque, o primeiro crime, a perda do pudor

Inesquecível e inevitável o desejo...
Um amante libertino, uma amante contida...
E no contexto, quem se deixa apaixonar?

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Imaginário...

Algumas vezes só não vemos o que está diante de nós
porque a dor nos impede.
Mas talvez, somente talvez, se você forçar a vista
deixe transparecer todo o egoísmo que te corrói
ou deixe, ainda, se revelar com traços de ingratidão...

O mundo não foi feito para pequenos feitos
E algumas pessoas foram moldadas para serem grandiosas...
Mas o futuro brilhante requer sacrifícios
que nem todos estão dispostos a fazer...

Por que não viver na singularidade e simplecidade das coisas?
Por que a alma se corrompe com falsas indumentárias?
Quando as pessoas vão deixar de fugir do que é real?

O mundo é real... as pessoas são reais... os sentimentos são reais...

E o medo - eterno vilão - aprisiona.
Medo de mudar, medo de viver, medo de se mostrar e admitir quem se é...
Conheci poucos assim, e os admiro por toda a coragem

Não queria ser mais uma covarde nesta multidão de corpos sem rostos
Mas embora não tenha medo, não me sinto confortável para abrir mão de pilares que ergui...
De critérios que criei... de pessoas que amei...
Não é medo, mas aprisiona... E minha cela, decorada
É vazia e solitária...

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Vícios de comportamento

Tantas palavras perdidas, lágrimas escorridas por um rosto estranho
Estou cansada de ver sempre os mesmos gestos, as mesmas reações!

Confesso minha parte de culpa nesse circo,
mas também entendo que nem sempre a tenda traz somente a sombra...

Quando foi que tudo se distorceu?
Estava tão certa de estar no caminho...
Não culpo o destino por ter me dado um momento de alegria em ti
Mas não estava preparada para pagar o preço
Principalmente agora...

O tempo esvai e o chão, já esfarelado, craquela mais um pouco sob meus pés
Estou cansada de dar passos e voltar à mesma estrada!

Que pelo menos chegue ao fim e eu possa descansar...
E, se assim não for, que me deixem escolher ir

Sem receio, sem ressentimento...
Sem o peso de deixar em local tão frágil relíquias tão preciosas...

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Buscando ser quem se é, se perde no meio do caminho...

"A busca pela vida perfeita, o papel perfeito, a personalidade perfeita, sempre nos deixará frustrados - mesmo obtendo o que queremos - pela simples razão de sermos muito mais que um punhado de qualidades que se encaixam caprichosamente ao ideal do ego. No processo de tentar expressar apenas esses aspectos, que acreditamos garantir a aceitação pelos outros, abafamos alguns de nossos traços mais valiosos, interessantes, e nos sentenciamos à uma vida de repetição do mesmo drama, como o mesmo roteiro batido."
(Debbie Ford)


Muitas vezes, buscamos em outros aquilo que gostaríamos de ser, mas deixamos de ver que um segundo de plenitude e verdade em atitudes são suficientes para levar à felicidade, ainda que "relâmpago".

Confesso que não acredito em felicidade plena, tampouco na própria felicidade... Acredito que as pessoas tenham momentos alegres e felizes, mas estes são apenas resquícios de impressões que, por si só, levam à subjetividade dos acontecimentos.

Ocorre que na busca pelo enquadramento muitos sacrificam os momentos de identidade daquilo que se realmente é, perdendo o pouco que a sociedade deixou de moldar.